Baleeiros, os últimos da sua raça

esta história faz parte do livro "Crónicas da Atlântida", publicado pela Nomad com texto e fotografia do António Luís Campos

Baleia à vista! O grito pelo qual todos ansiavam soava após o estrondo do foguete lançado pelo vigia. Tudo parava e, em minutos, pés apressados acorriam ao porto, lançando os botes ao mar em perseguição aos gigantescos cachalotes! Tudo terminou em 1987, ano em que foi caçada a última baleia nos Açores, conta Almerindo Nunes, trancador, no porto da Calheta do Nesquim. Verdadeiro contador de histórias e personagem dum artigo da National Geographic em 1976, é, já para lá dos 70, um dos mais jovens baleeiros vivos.

É um privilégio único escutar as suas empolgadas palavras. Nelas segue viva a herança da baleação, ainda, à medida que o inexorável acontece. A chama no olhar e na voz desses poucos que restam dá-nos um vislumbre do que foi manusear tais diminutos barcos, numa luta arriscada que não estava ganha à partida.

Hoje, uma nova geração recebe esse legado, reinterpretando-o, figurando como exemplo o renascimento das regatas de botes baleeiros ou da profissão de vigia, que Marcelo Soares herdou do pai. Com potentes binóculos, perscruta o horizonte em busca dos “bufos” das cetáceos, comunicando por rádio com os semi-rígidos que, a algumas milhas da costa, proporcionam uma experiência de observação de vida selvagem a que ninguém fica indiferente. Imagem de marca do arquipélago dos nossos dias e símbolo de sustentabilidade ambiental, o whale watching, uma actividade inventada por alguns visionários no final da década de 80, utiliza as mesmas técnicas de vigia e abordagem. Desta vez sem dor nem sangue.

António Luís Campos

Fotógrafo ávido por contar histórias

Amante do trekking e da montanha, o António viveu nos Pirenéus, em Espanha e depois na Polónia, conhecendo a fundo a Europa Central. Cruza o mundo da reportagem fotojornalística com a profunda paixão pela natureza e pela exploração.

Guia de trekking na Nomad desde 2011 e formador da Academia Outdoor Nomad. É também colaborador da National Geographic desde 2003, sente-se atraído pelo isolamento das paisagens insulares e pelos vastos horizontes alpinos.

Recentemente empreendeu uma série de viagens a várias cadeias montanhosas em diferentes continentes, incluindo Himalaias e Andes, com ascensões a cumes acima dos 6000 de atitude. É também um entusiasta de viagens invernais, o que o levou à montanha Storvatteshagna, no coração da Suécia. 

Pelas Ilhas da Atlântida

Com António Luís Campos

“ Excelente viagem para conhecer o "triângulo dourado" dos ... ”

Bruno G.

Saber mais >